Bastam segundos...
Para que palavras cortem o ar
Transformando o que antes era um só
Em dois mundos;
Apenas segundos...
Para que palavras resumidas abafem o peito
E como garras arranquem do coração a magia
Deixando um vazio profundo;
Inacabáveis segundos...
Onde acentos e vírgulas perdem a importância,
Onde o verbo faz a matança,
Transformando o cristalino em imundo;
Injustos segundos...
Desprovidos de adjetivos,
Ponto final ao toque dos dedos na face,
Silencioso túmulo;
Pérfidos segundos...
Que ao coração feri, a voz emudece, o olhar desfalece,
A poesia arrefece a musica entristece
Ferindo a alma a fundo;
Inesperados segundos...
Que a tudo desfaz, onde uma escrita vazia amortiza a paz
Fazendo da poesia uma anátema, vencida por um segundo...
E nada mais...
Os últimos segundos...
Apenas inacabáveis, injustos, pérfidos e inesperados segundos
Onde na ânsia de expressar o final extirpou-se de toda a lembrança o calor,
Do anjo as asas, da fada a cor, transformando o que de bom ficaria em horror
E o que antes era doce anestesia, tornou-se dor
E de palavras, que um dia tão amáveis foram, extraiu-se o rancor...
E em segundos, tudo acabou...
Sunna França
(Poema criado em 06/07/08)
Um comentário:
Lindo poema...Dá pra sentir q alguem te magoou nesse momento. Infelizmente palavras ferem! Mas as suas palavras curam, trazem luz.
Raul.
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