quarta-feira, 26 de setembro de 2007

A despedida


Despedir-se...
É como sorrir escondendo nos olhos a lágrima
que queima com a chama do desejo de ficar...
De que fique...
Que o impossível não se vá;

Despedir-se...
Sem aperto de mão,
é a eterna ânsia entre dois corpos
que vivem o mesmo sofrimento desesperado...
Jamais se encontraram...
O abraço sentido que nunca foi dado;

Despedir-se...
Antes mesmo que chegue,
sentindo o desejo de pedir para não ir...
É ver partir a sua melhor parte,
um pedaço de si que sempre ficará,
mas que nunca esteve aqui;

Despedir-se...
Sem querer...
Sem dizer...
Apenas sumir...
É pensar no deserto que fica na suprema angustia
de um momento que a distância prolonga...
É ter o corpo inerte, sem saber onde ir;

Despedir-se...
Como se estivesse vivendo um momento inquisidor,
entre a dúvida da ilusão que se vive
e a certeza do que almeja,
mas nunca viverá...
É despedir do pedaço que é só seu
que estão a decepar;

Despedir-se...
Quando é ao seu próprio ar,
é despertar-se de um sonho sem fim,
numa noite sem luar,
numa terra sem mar,
sem partir nem ficar...
Sou eu indo para longe de mim;

Despedir-se...
Um adeus que se diz aos soluços,
numa voz presa num sussurro,
num desvairo de um grito mudo,
num silêncio abandonado,
numa dor que magoa e castiga...
É dizer não ao que se ama, se obrigar ao absurdo..

Direi silenciosamente o adeus que odeio...
Como buscar esquecer o que não se esquece,
viver uma manhã que nunca anoitece...
Ver a lua sem repousar sobre o mar
que a sua alma aquece...
Anular a essência que me fortalece...
Adeus...


Sunna França

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