terça-feira, 11 de agosto de 2020

Arterapia - Arte como luz nas trevas das dores (Texto depoimento)



Como eu contei no post anterior em meu Instagram (@sunnafranca), comecei a desenhar, pintar, tocar piano e a escrever antes mesmo de me alfabetizar, logo, desde que me entendo por gente eu tenho contato com as artes, das mais variadas formas. 
Participei de muitas exposições de telas, trabalhei com vendas de telas próprias, designer de interiores, com pinturas de grandes murais afrescos, como designer de joias, produção de enxovais, apresentações de piano e com desenho de moda, ou seja, a arte não era apenas uma paixão, mas fonte de renda, até que comecei a passar por pioras importantes em meu quadro de saúde e ter que parar tudo (tive um infarto pintando uma parede e desmaiei sobre um piano executando uma peça). 
Junto a isso, as dores e sequelas das doenças, como câimbras e rigidez, começaram a afetar a minha capacidade funcional, com afetação nos dedos, mãos, ombros, causando uma limitação do tipo impairment ou disability, que traduzindo em miúdos, quer dizer perda das capacidades motoras que permitem o uso preciso das técnicas necessárias para a execução de trabalhos minuciosos, como desenhar, pintar, ou tocar piano, com a máxima precisão e o mínimo de dor. 

Foi lamentável, eu tive que parar tudo, não apenas parei de trabalhar com artes e música, como parei de exercer os talentos que sempre moveram a paixão pela vida em mim. 

Foi uma época dura que se estendeu até quase os dias de hoje, pois ainda estou em processo de reabilitação e ensaiando um retorno às artes, ainda as custas de muitas dores e limitações de movimentos. No entanto, já venci há anos atrás a que chamaria de pior etapa de todas, a etapa emocional, quando completamente abalada pela perda da habilidade de exercer funções que para mim eram gratificantes e fáceis de executar com maestria. 
Tive que me ver presa a um corpo que não conseguia mais fazer o que a mente sabia exatamente como. 
Foi quando mergulhei no estudo das terapias para não enlouquecer, pois foi o que achei que ia acontecer quando por último a fadiga e a confusão mental começaram a afetar a minha memória e escrita e como se já não bastasse tudo, eu parei de escrever. Foi o fim do poço, daqueles profundos que pareciam sem volta,  lugar onde eu não pretendia permanecer...

PS: enquanto escrevia esse trecho do texto tive que fazer uma pausa para um desmaio por mais uma crise Addisoniana, voltei mais de uma hora depois e aqui vai mais um post atrasado.

A escrita estava sendo a minha válvula de escape e agora nem ela mais era possível usar como alívio. Foi assustador!

Estudar as terapias me trouxe a luz do entendimento de novas técnicas que me tornaram apta para atuar com o novo em resgate ao antigo. 
Em momento algum eu aceitei deixar de ajudar pessoas, coisa que eu já fazia em aconselhamento voluntário via DMs há anos e que levava com afinco e dificuldade, até uns dias atrás, quando piorei de vez e também tive que parar. 
Enquanto isso, tudo o que eu era foi estocado em uma caixinha interna, cheia de música e cores entaladas gritando desesperadas  para sair dali. 
Sempre busquei aprender a ser mais e melhor com as armas que restavam, ainda que parecessem migalhas e naquele momento, amor ao próximo e a vida me pareceram gigantes, porém, não me sentia mais completa e nem apta para isso, pois isso só seria possível imersa em sons, cores e em ajudar pessoas em plenitude, escrevendo.  
Foi quando me dei conta de que as armas usadas contra mim podem ser as mesmas usadas ao meu favor e, além disso, percebi que as melhores soluções habitam os problemas, logo, é no caos que devemos procura-las.  

Problema = DOENÇAS X DOR
Solução = DOENÇAS X DOR 

As doenças e dores me tiraram tudo (inclusive dinheiro), de que modo eu poderia forçá-las a me devolver o que me roubaram? Por elas eu parei, por causa delas voltarei, explico:

ARTETERAPIA 

De volta as artes e ao bem, arte para dor, alívio e não como profissão (ao menos por enquanto), destituída de responsabilidades ou valores em cifras, sem exigências extraordinárias mas com um valor emocional e energético incontestável, afinal, é indiscutível os benefícios que a arte opera nos mais distintos problemas e não seria diferente no caso das doenças graves e porque não das dores crônicas ?

Enquanto isso acontecia bem lentamente por excesso de dor e rigidez nos ligamentos, a percepção de mundo em minha volta REACENDEU com a arteterapia e todas as suas possibilidades, novos olhares sobre as formas e suas cores, para além de todos o que eu já tinha nasceram em mim e por último e não menos importante, o meu impedimento de mudança para a serra gaúcha (contado em outros posts em meu insta), mais uma tragédia anunciada dessa vez pela pandemia do CORONAVÍRUS, ativou em mim o velho hábito de procurar luz nas trevas, ou seja, juntando lê com crê, aproveitei para somar cores a luz dessas trevas e voltar a pintar as paisagens que tanto amava, mas desta vez, no ápice invertido do estilo “se Sunna (Maomé) não vai a montanha a montanha vai a Sunna (Maomé)”, pintarei paisagens da serra gaúcha, meu mais novo projeto que está sendo colocado em prática nesse exato momento e se você quiser acompanhar, deixa aqui nos comentário ou nos DMs um sim, que vou fazer muitos stories com todos os detalhes do processo e claro, outros textos para o blog. 

Sunna França 

Sigam o meu Instagram onde conto toda a minha história de vida e superação de síndromes raras e doenças graves e comentem também por lá 👇🏻
@sunnafranca



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