quinta-feira, 9 de julho de 2009

Quando a lua tocar o sol...


A lua olha o sol e seus raios-braços
E o vê tomar forma
Corpo
Mãos
Pés
Olhos
Quentes, iluminados, fortes...
Aquecendo-a
Ela olha o sol e não consegue conter o desejo de tocá-lo...
Mas a brasa viva da distancia que se interpõe entre os dois não permite,
Queimando a sua aura fria, gelada, clara...
ela sente que não deve, mas ao mesmo tempo sente angustia por ter que negar o seu querer...
suas cordas vocais querem gritar:
“Preciso tocar o sol!!!”
tenta em vão ascender em sua direção
Mantendo-se na parte de céu que lhe é alcançável...
E sente o calor do amor que tem proporções, tamanho e profundidade bem maior que a certeza do não poder...
E ela sente muito...
Mas gostaria que ele nunca duvidasse,
Mesmo que ela o tentasse fazê-lo, por medo, por solidão,
Mesmo que ela quase consiga...
Queria apenas poder dar asas à todas as letras
Que unidas no céu
Formam as palavras que não são bastante
Mas são a prova de que o querer é bem maior que o não poder...
Ser lua diante da proximidade do nascer do dia
É contemplar ao longe a muralha solar
Sobre a qual sua noite-vida deseja desabar...
Visualizar seus braços-raios
Estendendo as mãos
Estrela sobre a qual deseja deitar a face lunar
É anoitecer sem brilhar...
Contemplar seus fluidos dedos luminosos
e não tocar-los
É despedir-se do córrego
Por onde deseja distribuir suas lágrimas...
E desprovida de luz, estrelas e constelações
Decide a lua não querer mais a noite
E querer o dia só pra ela...
E por mais que isso á torne vilã dos sentires
Deseja do sol os raios que enxugam a aurora que a ela dissolve
Com a toalha perfumada pelo aroma do seu amanhecer...
E quer mais,
Quer algo entre o consolo e as lágrimas,
Alem da luz e bem antes das trevas,
Antes do inicio e depois do fim...
Do sol ela não quer mais o meio,
Quer o todo, pôr-do-sol inteiro,
Não quer a melhor parte,
Quer todas as partes...
O amanhecer serenado
As tempestades magnéticas
As auroras polares...
As excitações ionosféricas
Manchas solares
Protuberâncias...
Não deseja apenas a margem
E sim, as grandes profundidades do astro,
Seu centro ativo,
Quer alterar sua estrutura solar...
Ser a dona do dia
Deleitar-se em seu quebra-cabeça particular
Movimentando as peças como a pequenos cristais furta-cor,
Recolhendo-as nas mãos
Leve purpurina da vida, doce amor...
Unindo-as
Separando-as
Montando a cada dia uma nova paisagem
Uma nova cor...
Uma nova verdade forjada de uma mistura sobrenatural...
Noite no dia
nas trevas o farol
Essa será a Única verdade
Quando a lua tocar o sol...

Sunna França

2 comentários:

Platão disse...

Ô paradoxo belissimo é você.Vai de um extremo a outro,do forte ao doce,do indizível ao singelo,do texto ao poema!Belo conto-poema,com certeza será uma lenda!

Anônimo disse...

Uau....palavras não bastariam pra expressar a beleza do q escreveste...e pra quem entende o real significado dessas palavras então....nossa!
Perfeito...singular....único...apaixonante....real. Uma versão sim plificada de uma história de amor bela e complexa.
Um verdadeiro Feitiço de Áquila.
Sua fã C.V.T.A.M.

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