quarta-feira, 29 de julho de 2009

Tua voz II


Deslumbrada cadencia que me assola
A principio, tênue sonolência
Leva-me as profundezas dos sonhos
Para alem da morada da tua existência
Onde longínqua mora a tua voz;
Voz que não ressoa apenas uma, e sim, muitas, falada, escrita, ditada, deitada...
Apresenta-me encantamentos sonoros
Vibrando como ritos fantásticos
Repercutem na minh’alma o infinito;
E sentindo forte e veloz som provocador de eclipse
Encontro-me embriagada na eterna volúpia dos sentires
Meus dedos, olhos, ouvidos, lábios clamam
Pele, som, olhar, som, tocar, som... Apocalipse!
Espasmos múltiplos ao ouvir o som violino,
que significam?
Verdade extraída das cordas vocais, tocando-me onde nunca nada mais...
Antigos instrumentos que me formam ressoam o recordar do que seria e pedem mais
harpas acariciam a tentarem acalentar o desespero
Mas do teu piano rugem os trovões em teclas de mil arpejos;
E louco urgi na garganta por teu saxofone a toda a razão contrariar, em meu corpo desaguar
Como lidar com essa orquestra nascida das ondas do mar?
Como resistir a essa sinfonia celestial a me encantar?
Como não me lambuzar e encher-me desse aroma suculento, que de mim, à ti desagua, extraido tão facilmente ao som desse coral dos ventos?
Como me conformar, diante de tal grandeza de sons e dos seus efeitos, com o silencio?
Sinto... Sinto... Sinto...
Eternidade infinita de grandeza bendita
A paisagem do som da tua voz é montanha verdejante
Sobre vales secos;
Estrelas cadentes brincam crianças com a manhã;
Chuva de cores cintilantes em dia de sol;
Água que incendeia onde tudo é irreal;
Jardim secreto onde arvoredos catam;
Flores sapecam de aromas as notas musicais...
Suor, calor, rubor, furor, néctares que não se descreve...
Oh! voz dos instrumentos musicais, sugiro que se te peço que não
fales mais, mais ainda fales, porque se eu te fosse e sabendo das armas
que do meu som eu extrairia, ainda mais eu falaria...
Creia-me, instrumento das ilimitadas canções que em me desaguam e fazem-me desaguar, tua voz, por toda a vida, eu consumiria...
Sorvendo de ti, os fluidos, somando-os aos meus, inundando-nos de alegria!


Sunna França

2 comentários:

Anônimo disse...

Mesmo a sonoridade dos melhores instrumentos não seria nada sem um ouvido apurado que lhe acolhesse e decodificasse toda a gama de emoções que ele quer transmitir.
Lindo poema.
Sua fã. C.V.T.A.M.

Anônimo disse...

que lindo poema,como todos os outros.Gostei do seu blog!

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